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Maputo
Um pouco à imagem de Angola, a delinquência constitui um grave problema social em Moçambique, na minha opinião, talvez seja, um dos principais sintomas da injustiça social de um país. A marginalidade é uma consequência da incapacidade de um país para gerar igualdade de oportunidades, ou em muitos casos, é simplesmente, o resultado da ausência de oportunidades.
No entanto, parece um contra-senso, porque tanto Angola como Moçambique, conheceram nestes últimos anos crescimentos económicos impressionantes, mas que não permitiram reduzir os níveis de pobreza da globalidade da população. Podemos constatar que grande parte da população vive com rendimentos muito baixos, dedica-se a uma economia de subsistência, apenas, com a legítima expectativa de sobreviver mais um dia. O crescimento económico verificado não permitiu reduzir os níveis elevados de desemprego, porque a maioria da mão-de-obra não é qualificada e por isso não encontra colocação no mercado de trabalho. Portanto, o crescimento económico não se traduziu num maior bem-estar das populações porque não teve um efeito integrador e reconversor das pessoas. Perante, uma maioria cada vez mais empobrecida existe uma minoria cada vez mais rica, fruto da má distribuição da riqueza, consequência em muitos casos, da corrupção institucionalizada, a constatação destes factos aumenta o sentimento de injustiça e exclusão. Quando o Estado não permite a integração da sua população, geram-se focos de criminalidade, que em muitos casos acabam por se converter em pequenos Estados dentro do próprio Estado. A delinquência por estas paragens é aflitiva porque tem elevados níveis de arbitrariedade que resultam do baixo nível de profissionalismo dos delinquentes, onde com muita frequência em pequenos furtos se pode perder a vida. No meu entendimento, a pouca profissionalização da criminalidade é fruto da inexistência de uma classe média, ou seja, de fragmentos da população com rendimentos razoáveis, como esse segmento intermédio não existe, apenas, existem os muito pobres, que são a maioria, e os muitos ricos, tendencialmente, a criminalidade tenderá a especializar-se em pequenos furtos porque as camadas ricas são inacessíveis, estão demasiado bem protegidas, além disso, não existem meios no mercado que permitam a sofisticação do crime, portanto, quem acaba por sofrer é o cidadão comum, que apesar de pobre, preserva a sua dignidade e a sua honestidade com muito suor. Pedro Van-Dúnem
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